quarta-feira, 18 de março de 2009

Phoenix

Estava apenas deitada, de olhos fechados, na minha cama, no meu quarto pintado de branco.
Apenas ouvindo música.

E do nada, as imagens começaram a formar-se na minha cabeça.
E apercebi-me que o tema era sempre o mesmo.
Eram as minhas memórias de ti.

Tu a rires-te - que imagem tão bonita, as covinhas que fazes, o brilho dos teus dentes, as rugas em volta dos olhos dum castanho tão profundo.
Sempre pensei que os olhos castanhos não tinham profundidade, mas os teus são para mim o mais belo dos mistérios. A forma como brilham quando te emocionas, a forma como ficam vazios quando estás deprimido (e a dor que eu sinto quando os vejo assim!)...
Tu a conversares comigo - lembro me tão bem da tua boca, uma fina linha rosa. Lembro me que quando me cumprimentavas, sentia os teus lábios suaves (tão suaves!) tocarem levemente a minha pele e eu reprimia um arrepio (de prazer).
As tuas mãos a tocarem as minhas - ansiava pelo teu toque.
Quando te vi triste voltei para casa amargurada, tentando ver uma solução para o teu problema. Senti que não era justo sofreres quando me salvaste da escuridao tantas vezes, sem te aperceberes.


Em todas as memórias que tenho, boas ou más, a tua figura brilha. E só me apercebo agora.

Que estou apaixonada por ti.

Não me apercebi a tempo e agora é tarde demais, já não te tenho aqui comigo.
O que me restam são as saborosas memórias daquilo que me pareceu uma simples amizade.
Uma lágrima soltou-se.

Como pude ser tão cega?! Não ver o fogo que ardia dentro de mim quando tu estavas perto! E agora que não estás, sinto frio, o meu fogo apagou-se, a luz morreu.

Eu sei que estas memórias serão sempre minhas e que não as quero perder porque é o que me resta de ti, mas não parecem suficientes.

Nada te vai trazer de volta, foste para outro país, longe do meu. Terás a tua vida, separada da minha. Sei que te poderei ver uma ou duas vezes por ano ou ouvir a tua voz ao telefone, mas não será igual. E nem sei se te direi o que sei agora que sinto.

O que farei agora? Sei falar do passado, mas o futuro é sempre incerto.

Valeu a pena conhecer-te, depois da dor que me deixaste?

Sim. Estas lágrimas escorrem pela alegria que senti.

E, no fundo, eu sei que o fogo voltará a arder, a luz renascerá. Leve o tempo que levar.

Um comentário:

  1. Podia escolher muitas frases do teu texto para pôr aqui e dizer que sim que está bonita e que também o sinto, mas não tu é que sentes porque a frase é tua. Love the text
    Bjo, LY

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