quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

The book

Sentada num banco de jardim, uma senhora de cabelos brancos e pele enrugada olhava para o seu colo onde um caderno estava pousado.
Nada estava escrito naquele caderno também já antigo. As folhas estavam amareladas, a capa gasta, mas as folhas estavam limpas.
A velhota olhou em volta até me ver. Esboçou um sorriso de reconhecimento.
Aproximei-me dela, devagar.
"Estava à tua espera! Porque demoraste tanto?" disse dirigindo-se a mim.
"A senhora está bem?" interroguei.
"Porque não havia de estar? Estava só a ver este livro que encontrei lá em casa, tem uma história muito bonita..."
"Isso não é um livro, acho que é um caderno..." Comecei a folhear, de facto o caderno estava escrito, tinha imensas páginas cheias de tinta, anotações, pensamentos, ideias. Parecia pertencer a um cientista. Apenas as últimas páginas estavam em branco. Procurei um nome para saber a quem pertenceria. Maria Magalhães e tinha um número de telemóvel em frente.
"Este livro é de quem, a senhora sabe? Uma filha sua..?" perguntei sem olhar para a velhota. Tinha realmente coisas muito interessantes lá, apetecia me levá-lo para casa e explorá-lo.
"Eu não tenho filhos, tu sabes disso!" disse a velhota rindo. Pareceu-me ouvir um riso de criança por momentos. Olhei para os olhos escuros da senhora. Eram bonitos, mas sem profundidade. Com marcas da idade, gastos...
"Peço desculpa, pensei que... Bom, não interessa! A senhora vive aqui perto? Eu adorava poder ler este caderno! Eu vivo daquele lado da rua, está a ver aquele predio amare..."
Mas a senhora estava em pé à minha frente, a tocar com um dedo nos meus lábios, pedindo-me para calar.
"Estás a fingir que não me conheces, mano? Preciso que me expliques umas matérias da escola."
Senti-me frio por dentro.
"eu não sou seu irmão, a senhora... Deve estar confusa, onde vive? Eu levo-a a casa. Como se chama?"
"Maria Magalhães"

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